O Município de Quelimane realizou na quinta-feira (6) no Posto Administrativo Nº 5, uma audiência pública para discutir aspectos relativos a concessão de créditos consignados a pessoas com idades superiores aos 18 anos, assim como dar continuidade ao processo de educação cívica e financeira aos mutuários, no âmbito do Fundo de Redução da Pobreza Urbana, na cidade de Quelimane.
Tal como acontece ao nível nacional, o reembolso do valor creditado aos beneficiários do financiamento no Município de Quelimane não é satisfatório. Para inverter este cenário, a edilidade vem realizando actividades de monitoria e avaliação dos projectos de rendimento.
Como resposta aos desafios de gestão de recursos financeiros, a educação financeira aos mutuários do programa de redução da pobreza urbana no Município de Quelimane é uma prioridade.
O crédito consignado para pessoas com capacidade de realizar actividades, introduzido como forma de melhorar as condições de vida e contribuir no aumento da renda familiar, tornou-se um dos principais instrumentos para o desenvolvimento socioecónomico.
Segundo Manuel de Araújo, Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, apesar da tendência de subida do nível de reembolso nos últimos três anos, o retorno do fundo ainda não constitui o satisfatório, dai que o objectivo da educação financeira centra-se na construção de uma cultura de gestão.
Durante o encontro, foi referenciado o apadrinhamento de cada mutuário. Esta medida visa garantir a ampla responsabilização em casos de incumprimento das regras estabelecidas e fugas ao processo de pagamento do valor correspondente ao financiamento de cada projecto.
À vista disso, Manuel de Araújo apela a todos beneficiários do fundo de redução da pobreza urbana para fazer o devido reembolso para que outros grupos sociais e concidadãos residentes na autarquia de Quelimane possam usufruir do mesmo financiamento para gerar mais postos de emprego.
O Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane está agastado com as condições em que os acompanhantes de doentes internados no Hospital Central de Quelimane se encontram. Improvisaram um acampamento ao ar livre nas imediações do referido centro que se quer de referência nacional.
Esta constatação tornou-se pública depois de uma visita relâmpago ao local onde observou que não existem condições mínimas para aqueles concidadãos que dormem ao relento. Não tem camas e nem esteiras suficientes, muito menos redes mosquiteiras, improvisando blocos de construção para camas.
"Isto não é humano! Não podemos permitir que 40 anos depois da proclamação da independência nacional tenhamos acompanhantes de doentes que vem de Caia, província de Sofala, Namayabue, Província de Tete, Morrumbala, Mopeia, Mocuba, Namacurra e Lugela, naquelas condições e passando noites ao relento! Será que a Direcção Provincial de Saúde não tem redes mosquiteiras? As ONGs que trabalham na área da saúde a nível da província não podem ceder pelo menos redes mosquiteiras?" - desabafou De Araújo.
A nossa reportagem que acompanhava o Edil de Quelimane na tarde da última Quinta-feira (6), testemunhou o ambiente inóspito em que vivem os acompanhantes de doentes internados.
Rosa Luís, proveniente do distrito de Mocuba, afirmou que a situação era bastante crítica, havendo casos de acompanhantes que acabaram ficando internados por terem apanhado malária no local, sobrecarregando o hospital.
São dezenas de pessoas entre crianças, jovens, adultos e idosos que dormem e cozinham ao relento sob risco de contrair várias doenças transmissíveis e não transmissíveis, desprovidas de condições mínimas de alojamento como as imagens ilustram.
Outro acompanhante, Alberto Jorge, afirmou ainda que estão naquele local cidadãos provenientes dos distritos de Morrumbala, Maganja da Costa, Mopeia, Namacura e Caia, encaminhados a partir dos centros de saúde distritais para o maior hospital da província da Zambézia para receber cuidados médicos, alguns especiais.
Por falta de acolhimento no recinto do Hospital, os acompanhantes de doentes com um período extenso para assistir a evolução do estado clínico dos seus familiares internados, foram cedidos o alpendre que se encontra nas imediações do HCQ.
Apercebendo-se da situacao o Conselho Municipal da Cidade de Quelimane angariou recursos junto de parceiros (UNICEF e Wateraid) e está a construir um sanitário público que beneficie em primeiro os acompanhantes.
Ouvido o Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, sobre as acções que devem ser tomadas com relação às pessoas que se encontram alojadas no recinto, afirmou que o CMCQ, a Direcção do HPQ, a Direcção Provincial de Saúde devem reunir-se de imediato para discutir a questão, tendo já de forma informal alertado a S. Excia o Governador da Província, Abdul Razak, a S.Excia a Ministra da Saúde, Nazira Abdula, ao Director Nacional da Saúde, Director Provincial da Saúde, membros das Assembleias Municipal, Provincial e da República, entre outro sobre a situação.
"Há um mínimo que deve ser feito!" - afirmou De Araújo, acrescentando que a curto tempo o Conselho Municipal da Cidade de Quelimane vai levantar as paredes, nem que seja com chapas de zinco e condicionar o chão.
"Já estamos a construir o sanitário público que dentro de 60 dias estará pronto, uma cozinha para que os acompanhantes possam passar os dias de forma condigna. Disponibilizamos apenas água, mas há necessidade urgente de disponibilizar redes mosquiteiras uma vez que dormem ao relento” - salientou.
Apesar de contar com uma excelente direcção do hospital, De Araújo considera que sem meios não podem fazer milagres. “O orçamento é exíguo e como sabemos não e possível fazer omeletes sem ovos! O Hospital Central de Quelimane foi inaugurado por S. Excia o Chefe de Estado mas não foram observadas, nem acauteladas questoes basicas como acomodação para os médicos, enfermeiros e técnicos, energia de qualidade para o hospital e muito menos vias de acesso para se chegar lá! Dentro de alguns meses teremos tanto tráfego que as ambulâncias levarão horas para fazer chegar os doentes ao hospital!”
A terminar De Araújo frisou, “Agradecemos a construção do hospital mas um hospital não são as paredes apenas, são as condições gerais que devem ser criadas e que permitam que o mesmo funcione de forma optimizada. Não devemos nos esquecer que a provincia da Zambezia esta entre as trés províncias com maiores índices de mortalidade no País, seja a materna, a materno-infantil, a infanto-juvenil entre outras”.